A uma semana do fim do mandato do presidente Donald Trump, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos votou a favor do segundo processo de impeachment do republicano nesta quarta-feira, 13. Todos os 222 congressistas democratas foram favoráveis à medida, que recebeu o apoio adicional de dez republicanos. Dessa forma, o total de 232 votos a favor superou os 197 contra. O pedido de afastamento do presidente tem como base o argumento de que ele teria incitado a invasão dos seus apoiadores ao Capitólio no último dia 6, incidente que causou cinco mortes. Agora, o processo precisa ser aprovado também no Senado, onde necessita receber 67 votos de 100 parlamentares. Para o comentarista Rodrigo Constantino, do programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, o Partido Democrata, do atual presidente Joe Biden, “quer humilhar Donald Trump e o que ele representa para muita gente”.
“Ele tem uma pegada mais forte, politicamente incorreta, que pegou de assalto o Partido Republicano e a população em geral. Joe Biden disse que deve falar de união, mas eis o que o partido dele está fazendo, uma caça às bruxas, uma perseguição para acabar de vez com o que o Trump representa”, disse. Ele comparou, ainda, a gestão do norte-americano com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmando que ambos tem um discurso análogo, mas a diferença é que Trump teve apoio no Congresso, enquanto o brasileiro não tem base. “Trump conseguiu governar, entregar uma gestão de resultados. Mas esse clubinho [democratas] não quer saber disso, quer demonizar o Trump como a maior ameaça em um mundo que tem Venezuela e China”, pontuou. Constatino alertou, também, que o maior perigo no processo de impeachment, principalmente porque teve apoio de republicanos, é um racha entre a direita. “A esquerda sempre usou a estratégia de dividir para conquistar, e como tem muita gente quereno expurgar o trumpismo… Estão interessados nesse racha, e se isso acontecer, os democratas vão sambar sozinhos”, disse.
A também comentarista Ana Paula Henkel, que mora nos Estados Unidos, afirmou, no entanto, que é “difícil” que o impeachment prossiga no Senado. Segundo ela, uma das principais ameaças é, realmente, um racha no Partido Republicano. “Se Trump sair do Partido Republicano e levar essa base que tem, vai ser muito perigoso. Porque um racha e a fomentação de criação de um novo partido coloca os democratas em um cenário tranquilo para eleger políticos durante muito tempo”, disse a ex-jogadora de vôlei. Para ela, o impeachment aprovado pela Câmara é um “momento desafiador para a democracia americana”. “O impeachment virou uma banalidade na mão dos democratas nos últimos quatro anos, começou a ser usado como uma retórica banal. Nos últimos 200 anos, tivemos dois processos de impeachment e, nos últimos meses, os democratas empurraram dois”, observou Ana Paula.