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Terça, 22 de Outubro de 2024
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Especial Heliópolis: Subnotificação de casos e falta de isolamento refletem realidade da pandemia em comunidades

Heliópolis não tem uma estatística oficial do coronavírus, mas região do Sacomã, onde ela está localizada, já registrou 12.454 casos da Covid-19

Logo que a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil veio a preocupação como essa nova doença atingiria as favelas e periferias do país. A intensa circulação de pessoas revela a desigualdade social.  Nas comunidades, os moradores não podem se dar ao luxo de parar de trabalhar ou de fazer home office. Ao mesmo tempo, a disparidade social também está no tamanho das casas e na quantidade de pessoas que moram nelas. “Na minha casa são quatro. Eu, meu esposo e meus dois filhos. Só que na casa de baixo mora o meu pai e a minha mãe e, na casa de cima, o meu irmão e a minha cunhada. Então, totalizando, são oito pessoas”, conta a moradora Gislene Azevedo. Para saber o impacto da pandemia na vida da população mais carente, a Jovem Pan percorreu a comunidade de Heliópolis, na zona Sul da capital paulista, que com 1.000.000m² e 200.000 habitantes é a maior favela de São Paulo.

Heliópolis não tem uma estatística oficial do coronavírus, mas região do Sacomã, onde ela está localizada, já registrou 12.454 casos da Covid-19 até o mês de julho, além de 326 mortes no mesmo período, segundo a prefeitura. A substantificação e abaixa testagem, no entanto, levam a crer que esse número pode ser bem maior. É o caso da professora Gislene Azevedo e da família ela. Ela, o marido, os dois filhos, o cunhado e a mãe tiveram os sintomas da Covid-19, mas ninguém conseguiu fazer o teste para confirmar se teve a doença. “Diagnosticado não foi ninguém, apenas a minha mãe que teve a tomografia que constou que ela estava com manchas no pulmão que eram do coronavírus, mas não fez o teste. E nós que tivemos todos os sintomas, como febre, sem paladar, sem olfato. Então nós ficamos bem debilitados, muita dor no corpo, meus filhos tiveram pneumonia, mas comprovado que foi Covid-19 não teve como comprovar porque não tinha teste na época”, explica.

Com tanta gente morando no mesmo lugar a adoção do isolamento social é praticamente impossível. “É difícil porque a gente desce na mesma escada, sai no mesmo portão. Então é quase impossível, só se trancasse em um cômodo”, conta a professora. Enquanto algumas pessoas tentaram ficar em casa, outras não puderam deixar de trabalhar, como é o caso da cabeleireira Jaqueline Silva dos Santos, de 29 anos, que mantém um salão nos fundos da casa onde mora. “Eu continuei trabalhando. No dia 16 quando decretaram a quarentena, eles falaram que era para fechar tudo, mas como sou eu que ajudo a minha mãe e cuido da renda da casa não teve como fechar. Se você fecha, você não recebe e não trabalha. Então eu continuei aberta, mas com medo porque toda a rua estava fechada e apenas eu aberta”, afirma.

A principal diferença agora é que Jaqueline não deixa a mãe, de 65 anos, ajudar a lavar, secar e escovar o cabelo das clientes. Ela também conta que redobrou a higiene. “A roupa que eu uso aqui, todo dia eu troco e coloco para lavar, porque como não tem como saber quem tem [a Covid-19]. Então eu continuo atendendo normal, mas cada pessoa que atendo eu lavo tudo, passo álcool 70 e desinfeto tudo”, afirma. Jaqueline admite que pulou a quarentena, mas conta que não foi a úncia. “Muita gente sai sem máscara. Festa é o que mais tem aqui. Teve um dia, quando começou junho,  que começou uma festa junina aqui. Eu pensei o povo é louco mesmo, decorando a rua [para festa junina]. Se você está em uma comunidade, você tem que se ajudar”, finaliza.


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