Mesmo antes do fim do mês, o Pantanal já registra o segundo pior outubro em queimadas para o bioma desde 1998. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, nos primeiros 14 dias deste mês foram contabilizados 2.536 focos de incêndio. O número, segundo o Inpe, fica atrás apenas do registrado em outubro de 2002, quando houve 2.761 focos. O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuhy, explica que o Pantanal está enfrentando a maior seca dos últimos 47 anos, o que contribui para o aumento dos incêndios e deve ser uma tendência para os próximos anos.
“A gente vai ter um período de chuvas. Isso pode ajudar. Mas esse ano é excepcionalmente seco. O que me chama atenção é que estamos assistindo uma espécie de trailer do que seria uma concretização das mudanças climáticas, especialmente no Brasil”, explica. A alta nas queimadas de outubro estão sendo registradas logo depois de o bioma ter a pior quantidade de incêndios da história, para qualquer mês, em setembro. Para o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuhy, além das mudanças climáticas, o problema é resultado da ineficácia do governo brasileiro no combate às chamas.
“O Brasil abandonou essa perspectiva de uma agenda climática com o atual governo. Você tem que ter uma melhora no sistema ambiental para fazer frente à essa situação. Esse é um problema de gestão, de capacidade de enfrentamento do setor público”, completa. Segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, até o momento, somadas as áreas queimadas do Pantanal nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, 27% do bioma foi destruído. O número corresponde a mais de 4 milhões de hectares.
*Com informações da repórter Beatriz Manfredini