O ex-ministro Sergio Moro começou a fazer articulações políticas pensando no ano de 2022. Em entrevista ao jornal O Globo, Moro afirmou que o povo brasileiro tem um perfil mais moderado e que o ciclo de ódio entre o governo atual e o Partido dos Trabalhadores (PT) deve acabar. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, ele convidou o apresentador Luciano Huck para uma reunião no apartamento dele em Curitiba, na qual os dois teriam conversado por quase três horas sobre a intenção de união em torno de uma espécie de “terceira via” na disputa pela presidência. As movimentações de Moro foram tema de debate entre os comentaristas do programa 3 em 1, da Jovem Pan, nesta segunda-feira, 9.
Segundo a jornalista Thaís Oyama, que conversou com fontes próximas a Sergio Moro, a movimentação do ex-ministro em uma reunião política foi feita após apelos de amigos preocupados com o apagamento da imagem dele, principalmente nas redes sociais. Ela lembrou que após a demissão do governo Bolsonaro, entre os meses de abril e junho, Moro ganhou mais de 300 mil seguidores no Twitter, volume que foi drasticamente reduzido com o passar do tempo. No Instagram, ele chegou a perder seguidores. O almoço com Luciano Huck, porém, pode não ter sido tão positivo na visão de apoiadores.
“Essa discussão da união com o Huck por enquanto não pegou bem ns redes sociais, não empolgou. Entre lavajatistas, por exemplo, essa reação foi de frieza. Por quê? Porque eles não gostaram da possibilidade de o Sergio Moro vir a ser vice, como foi cogitado, do Luciano Huck”, afirmou. “Segundo esse amigo do Sergio Moro me disse, o Luciano Huck é visto por muitos lavajatistas defensores da bandeira anticorrupção, como um playboy. Nas palavras desse amigo do Sergio Moro, ‘um playboy patrocinado pela globo’”, pontuou a comentarista. Para ela, ainda que Moro tenha decidido participar de uma campanha eleitoral no ano de 2022, dificilmente ele vai topar concorrer como vice-presidente.
Para Josias de Souza, a movimentação de Moro deixa claro que todos acreditam que as eleições de 2022 devem ser arduamente disputadas entre Bolsonaro e algum candidato indicado pelo ex-presidente Lula. Ele afirma que o caminho a ser seguido pelo ex-juiz caso ele decida concorrer vai ser longo. “Ele teria uma dificuldade muito grande de viabilizar o governo dele porque ele hoje tenta colocar em pé novamente bandeiras como a prisão na segunda instancia, o fim do foro privilegiado, que são bandeiras que o Bolsonaro abandonou por conta das encrencas familiares e porque se vinculou agora ao centrão”, afirmou. Josias lembrou que o centrão pode ser um dos grandes problemas de Moro para viabilizar um possível governo, já que, enquanto juiz, ele foi responsável por muitas das investigações que incriminaram políticos desse setor.