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Segunda, 21 de Outubro de 2024
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Se Bolsonaro perder as eleições, seu discurso na ONU terá sido de adeus

Presidente discursou na abertura da Assembleia-Geral da ONU na terça-feira, 19

Falar na Organização das Nações Unidas (ONU) não é tarefa simples. Talvez seja a circunstância mais desafiadora que existe para um orador. Afinal, ao discursar naquela tribuna o Chefe de Estado está sendo avaliado pelo mundo todo. O risco de se sentir desconfortável e fracassar não pode ser desprezado, ainda que o pronunciamento seja lido. Até Barack Obama, considerado um dos melhores oradores da política mundial, já titubeou naquele recinto. Desde a primeira vez em que pisou naquele palco, Jair Bolsonaro teve de superar desafios peculiares. Um deles foi dominar o uso do teleprompter. Como a maioria sabe, é aquele aparelho que projeta o texto em uma placa de vidro para que o orador possa ler sem que os ouvintes percebam. Quando bem utilizado, a plateia tem a impressão de que o discurso está sendo improvisado. Assim que assumiu a presidência, Bolsonaro demonstrou que não sabia usar esse recurso. Dava a impressão de brigar com ele. Ao assomar à tribuna, o presidente franzia o semblante. Truncava as frases com pausas inadequadas. Não sabia se deixava os braços ao longo do corpo ou se agarrava o pódio. Dava demonstrações claras de sua insegurança ao se apoiar ora sobre uma perna, ora sobre a outra. 

Para dar ideia da sua incompetência nessas leituras, logo no início, ao realizar o primeiro pronunciamento em rede nacional de televisão, o resultado foi tão ruim que, com certeza, teria ganhado mais se não tivesse feito aquela apresentação. Um desastre. Ao falar pela primeira vez na ONU, em setembro de 2019, além do conteúdo do discurso, seu desempenho como orador, por causa dessa deficiência, também era motivo de preocupação. Surpreendeu e impressionou a todos com a sua oratória. Parecia ali outra pessoa. Dentro do tempo estabelecido, cobriu os temas relevantes para o momento vivido pelo Brasil no contexto mundial. Falou com o semblante arejado, fez pausas oportunas, usou a emoção na medida certa e manteve bom contato visual com o público. Foi a melhor apresentação de Bolsonaro até aquele instante. Na terceira vez em que proferiu o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2021, o presidente levava nos ombros uma grande responsabilidade, pois teria de arrebentar na apresentação para superar a façanha da sua estreia. Não decepcionou. Foi ainda mais eficiente. Falou com tamanha desenvoltura que parecia estar dentro da própria casa.

Sua participação na 77ª edição dessa assembleia, na terça, 20, foi cercada de outros obstáculos, já que as eleições ocorrerão nos próximos dias. O seu discurso, assim como aconteceu nos anos anteriores, reiterou que o Brasil é vítima de narrativas infundadas a respeito da preservação do meio ambiente. Enfatizou com todas as letras a pujança da nossa economia, especialmente quando comparada com as de outros países. Não apalpou os governos que o antecederam, apresentando os números expressivos dos desvios financeiros, especialmente os rombos na Petrobras. E aproveitou a oportunidade, mesmo que os oposicionistas tenham criticado muito, para passar uma mensagem aos eleitores brasileiros. Qualquer que fosse o discurso apresentado pelo presidente receberia críticas da oposição. Se defendesse, como defendeu, a preservação do meio ambiente, diriam, como disseram, que mentiu e envergonhou o nosso país diante da comunidade internacional. Se não tocasse no tema, diriam que não mencionou o assunto porque os dados são vexatórios. Se criticasse os desmandos das gestões anteriores, diriam, como disseram, que essa mensagem era imprópria para o evento. Se apresentasse os feitos da economia, como apresentou, diriam, como disseram, que os números são mentirosos, e que se trata apenas de propaganda política visando sua reeleição. 

O que os críticos não levam em conta é o fato de que o discurso proferido por Bolsonaro não foi redigido por ele apenas. Há no governo muitas pessoas competentes, que sabem exatamente o que deve ser dito nessa circunstância, como, por exemplo, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França. Portanto, podemos afirmar que essa mensagem foi produzida a, pelo menos, oito mãos. Como a disputa ao Palácio do Planalto está acirrada, não é possível saber agora quem será o vencedor do pleito. Se não for Bolsonaro, esse terá sido o seu último discurso internacional importante. Terá dado ali o seu adeus. Se vencer, outros discursos virão. Siga pelo Instagram: @polito

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.


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