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Domingo, 20 de Outubro de 2024
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Avalie com mais prudência a veracidade dos dados durante o período eleitoral

Divulgação de dados deveria considerar a ética para que não sejam transmitidas informações falsas

Ao nos aproximarmos do período eleitoral, os candidatos irão despejar dados estatísticos para mostrar que o governo que representam faz excelente trabalho, ou para provar que os adversários são incompetentes. Nem sempre é fácil perceber a burla. Em alguns casos, os artifícios numéricos se escondem de maneira tão sutil nos dados revelados que passam despercebidos até pelos olhos mais traquejados.

Alerta do professor 

Logo no início do curso de ciências econômicas fui surpreendido pela advertência de um professor de estatística: “Cuidado com as pesquisas e com as estatísticas. Algumas delas são enganosas”. E passou a aula toda dando exemplos de estudos divulgados que não correspondiam à realidade.

As armadilhas

A comunicação, principalmente quando se origina de órgãos públicos oficiais, dependendo do governo de turno, pode ter essas armadilhas. Alguns números são apresentados de uma maneira para atender às conveniências de uns, e de forma diversa para ir ao encontro dos interesses de outros. Há frases que nos ajudam a refletir sobre esse tema. Uma delas atribuída a Mark Twain: “Fatos são teimosos, mas estatísticas são mais flexíveis”. E ele não está sozinho ao levantar essa bandeira que põe em dúvida a autenticidade dos números. A outra, atribuída a Ronald Coasse, endossa suas palavras: “Torture os dados, e eles confessarão qualquer coisa”. Cabe a quem os recebe interpretar o que de fato está por trás dos dados anunciados. Algumas informações são estabelecidas como premissas verídicas, nos confundem e nos levam a acreditar que as conclusões delas deduzidas são reais.

As sutilezas

A divulgação de dados deveria considerar a ética para que não sejam transmitidas informações falsas. Nem sempre é possível. Entre os extremos de ser ou não ético há um campo cinzento que fica mais claro ou mais escuro dependendo da época, da cultura, da circunstância e das necessidades das pessoas envolvidas. Só para exemplificar as sutilezas desse conceito: Jean Valjean, protagonista da eterna obra “Os Miseráveis” de Victor Hugo, foi absolvido pela história por ter roubado alimento quando precisava matar a fome. Foi ético ou não? São os tons de cinza que podem separar o certo do errado.

A ética

Informações intencionalmente inverídicas, entretanto, maculam os preceitos éticos, quaisquer que sejam as circunstâncias. Ao longo dos anos já assistimos, por exemplo, a propagandas de produtos de beleza e de higiene afirmando que certas substâncias contidas em sua fórmula são apreciadas por nove de cada dez pessoas pesquisadas. A partir desse resultado somos levados a acreditar em sua excelência.

“Há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas”.
Disraeli

Informações distorcidas 

Por outro lado, não temos informações a respeito das pessoas que foram pesquisadas. A impressão é a de que se trata de uma formulação inédita, mas será que esses ingredientes também não estão presentes nos produtos concorrentes? Ocultar essas informações para direcionar a sua compra não parece ser uma atitude de boa prática. Se um órgão governamental tiver de minimizar o impacto de informações negativas, por exemplo, poderá comparar números recentes com os de um período anterior, que já era muito ruim, para dizer que a situação não piorou tanto. Deixa de informar, porém, que, se o estudo levasse em conta os dados do início do seu governo, o resultado seria visto como péssimo.

Devemos ter em conta ainda que sendo conveniente os levantamentos são divulgados em números absolutos. Quando, todavia, é de seu interesse mudar, os dados passam a ser fornecidos em percentuais. O entendimento de um problema muda bastante de uma situação para outra. Se disserem que o desemprego em uma região aumentou apenas 0,01%, pode dar a impressão de ser um número quase insignificante. Quando nos damos conta de que esse percentual corresponde a milhares de chefes de famílias desempregados, o fato ganha contornos mais expressivos.

Sabotadores da verdade

Como seremos bombardeados por dados que enaltecem ou minam a imagem de diferentes governos, devemos ficar atentos para não sermos ludibriados. A conduta ética e responsável precisa ser observada em todas as ações. Divulgar números, estudos, estatísticas e pesquisas sabendo que os dados escondem informações importantes demonstra a falta de retidão de quem os fornece. Com base nos exemplos estudados, podemos ficar atentos a informações que possam ser distorcidas e alertar os que nos cercam sobre eventuais mentiras e omissões. Esse cuidado ajuda a desmascarar os sabotadores da verdade. Siga pelo Instagram: @polito

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.


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