Um mês após o Plano Safra entrar em vigor, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) suspendeu financiamentos para construção de armazéns por causa do esgotamento de recursos para linhas com taxa de juros pré-fixada em 7% ao ano. A notícia não deixa de ser um bom sinal, já que mostra o interesse de agricultores em aplicar recursos em áreas de infraestrutura que vão gerar um diferencial competitivo. No Plano Safra, o governo destinou mais de R$ 4 bilhões ao Programa de Construção de Armazéns, aumento de 84% no volume de recursos em comparação com a temporada passada. Antes, o BNDES e o Banco do Brasil detinham exclusividade na equalização de recursos do Programa de Construção de Armazéns. Agora, o banco de desenvolvimento possui menos de 25%, informou o Ministério da Agricultura.
O governo afirma que há crédito disponível. Os recursos equalizados foram divididos entre o Banco do Brasil, Banrisul, BRDE, BDMG, e Caixa Econômica Federal. A Câmara Setorial de Armazenagem da Abimaq não prevê falta de recursos para investimento, segundo o presidente Paulo Bertolini. “Todos os bancos garantiram que têm recursos suficientes para toda demanda. Cada banco com sua própria condição e histórico de crédito e relacionamento. Varia de 9% a 11% com prazo que varia de cinco a 11 anos. Então, não vai faltar recurso para armazém das linhas espelhos. Vai faltar recursos com juros mais baixos do PCA do Plano Safra”, ressalta Bertolini.
A disponibilidade de recursos é vital para que o avanço na produção de grãos seja acompanhado de mais construção de armazéns. Dados da Conab apontam que o Brasil é um dos países com menor capacidade instalada nas fazendas em comparação com competidores do mercado global. A Argentina tem 40%, os Estados Unidos 85% e o Brasil possui cerca de 14%. Sabendo da necessidade do país de melhorar a infraestrutura, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso lançou a campanha “Armazém Para Todos” para incentivar a construção de silos para que o agricultor tenha onde guardar os grãos que produz.
Parece que o chamado tem funcionado, dado o esgotamento de recursos em bancos como BNDES e os resultados financeiros de companhias como a Kepler Weber, empresa líder no mercado brasileiro, que anunciou nesta semana o melhor desempenho da história para um segundo trimestre, com mais de R$ 242 milhões de receita líquida. Apesar da alta de custos do aço e do custo de produção dentro da porteira, há evidências de que a produção brasileira continuará a crescer e vai estimular novos investimentos no setor. Foi autorizado, aproximadamente, mais R$ 1,2 bilhão para contratações nas condições do PCA, com recursos obrigatórios, oriundos das exigibilidades dos depósitos à vista, com os quais todos os bancos que operam com crédito rural podem contratar.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.