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Segunda, 21 de Outubro de 2024
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Justificativa de assédio é ladainha baixa que só pode ser dita por alguém sem escrúpulos

Cena de importunação sexual foi gravada pelas câmeras da Assembleia Legislativa de São Paulo

Para não esquecer, como é costume neste país. Não se pode esquecer nunca. Até punição. Há de ser punido. Por isso escrevo e escreverei sempre. Há assuntos que não podem ser colocados na gaveta do esquecimento nunca. Especialmente quando é repugnante. Por isso precisa ser sempre lembrado. Vejo nisso uma função do jornalismo de denúncia, que põe a público determinadas mazelas brasileiras que quase sempre passam em branco. Refiro-me à cena constrangedora na ocorrida na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), quando um deputado, como naquelas cenas adolescentes de colégio, decidiu importunar sexualmente uma colega parlamentar. Um outro deputado tentou impedir, mas o repugnante foi em frente. Será que o outro tinha duvidado que ele seria capaz de fazer o que fez? A deputada Isa Penna, do PSOL, estava conversando com o presidente da Casa legislativa paulista quando o deputado Fernando Cury, do Cidadania, se aproximou por trás e abraçou Isa, apalpando seu seio, como se a deputada fosse uma mulher disponível. Uma atitude nojenta. Ao sentir-se ultrajada, diante de dezenas deputados, ela empurrou o importunador. A seguir, o repugnante colocou a mão no ombro de Isa e foi igualmente repelido. Uma agressão grosseira, machista, de gente que não presta. De gente que acha que pode tudo. Mas não pode, não. Vou acompanhar esse caso até seu final e espero a cassação desse deputado que não honra o cargo a que foi investido por eleitores. Uma atitude suja e canalha.

O partido Cidadania decidiu afastar o grosseiro no mesmo dia, depois de assistir ao vídeo. De acordo com a nota do partido, Fernando Cury está afastado de todas as funções diretivas partidárias exercidas em nome do Cidadania, incluindo trabalhos junto à própria Assembleia Legislativa de São Paulo. O caso já está no Conselho de Ética, que vai analisá-lo somente em fevereiro. Das nove vagas no Conselho de Ética da Assembleia, apenas uma é ocupada por uma mulher, a deputada Maria Lucia Amary, do PSDB. Quer dizer: passa o Natal, a festa de Ano Novo, um mês de férias e só em fevereiro esse caso de assédio sexual em pleno plenário da Assembleia será analisado. Está aí, nesse tempo todo, o perigo do esquecimento de um caso tão asqueroso. O deputado Carlos Giannazi (PSOL) informou que cederá sua cadeira no Conselho de Ética para sua colega de partido, Érica Malunguinho, que é sua suplente. Então agora são duas mulheres para lutar contra o machismo e corporativismo da tal Comissão. A deputada Isa Penna registrou um boletim de ocorrência contra Fernando Cury por importunação sexual. Isa Penna também fez uma denúncia a Cury por quebra do decoro parlamentar, pedindo a cassação de seu mandato.

Falando ao repórter Daniel Lian, da Jovem Pan, a deputada Isa Penna informou que não foi essa a primeira vez em que foi vítima de importunação sexual. Já sofrera antes quando era assessora na Câmara Municipal de São Paulo. Observou que deseja ser um elo para que os homens parem com essa cumplicidade machista. Para Isa, ocupar um cargo político no Brasil é uma tarefa muito violenta para as mulheres, pela falta de respeito dos homens. Disse que se sentiu violada nas suas prerrogativas enquanto deputada de São Paulo, observando que a experiência no parlamento é muito machista. Assinalou que seu caso não é isolado, porque a violência contra a mulher está em todo lugar. Ela perguntou: o que dá direito a alguém encostar numa parte íntima de seu corpo? Ninguém tem esse direito. No fundo, num português mais claro, isso é atitude de cafajeste. Assinou, que, como mulher, se sente pequena. Subjugada. Adiantou que, ao mesmo tempo, já tem o couro grosso para enfrentar essas situações. Isa informou que sabe dos comentários que correm na Assembleia Legislativa de São Paulo com relação ao seu corpo e porque costuma dançar funk. Disse também que se sente emocionada por ver que a sociedade se interessou pelo assunto, o que, para ela, significa uma luz no fim do túnel.  

Já o deputado Fernando Curi subiu à tribuna e pediu “desculpas” por ter “abraçado” uma colega de trabalho. Pediu desculpas para quem, cara pálida? O que resolve se dizer muito constrangido e triste pelo julgamento do que ocorreu. De que adianta dizer que não teve nenhuma intenção de assédio sexual contra a deputada. Ou jurar que nunca fez isso na sua vida. De nada vale dizer que está acostumado a abraçar e beijar as mulheres que trabalham no seu gabinete. Nem vale evocar o nome de Deus, dizendo que nunca fez isso que estão dizendo nem nada de errado. Ah, o que vale dizer que apenas abraçou a colega? E para que perguntar: “O que é que eu fiz de errado?” Uma ladainha baixa que só pode ser utilizada por alguém sem escrúpulo algum tentando explicar um ato deplorável de desrespeito a uma mulher diante de mais de 100 parlamentares. São esses indivíduos que ocupam o parlamento brasileiro, sujeitos que se aventuram nessa “carreira” política e, de repente, se veem eleitos por um povo que, infelizmente, não sabe compreender as coisas como devem ser compreendidas. Até a Comissão de Ética analisar essa infâmia falta ainda um mês inteiro. Mas esse caso não vai sair da minha pauta. Vou acompanhar. Esse sujeito travestido de deputado estadual tem que ser cassado. Este país está cansado de deixar tudo passar em branco. 


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