Noticias - Divulga news
Segunda, 21 de Outubro de 2024
Ola Mundo!


Entenda se teto do ICMS pode reduzir preços dos combustíveis ou frear altas

Alto preço dos combustíveis resultou na arrecadação recorde a parte dos Estados brasileiros em 2022

Após as sucessivas manifestações do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus apoiadores sobre os efeitos da incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em itens como os combustíveis na vida do contribuinte, o debate sobre o imposto estadual passou a ocupar uma posição de destaque no noticiário político e nas tratativas de bastidores no Congresso Nacional. Em meio a alta nos preços dos combustíveis – e no segundo semestre do último ano, da energia elétrica – não sobrou acusações de quem seria o grande vilão pelos altos valores pagos pela população por serviços essenciais. Como consequência direta, a alíquota do ICMS entrou na mira de congressistas, que passaram a buscar uma forma de mitigar a constante perda no poder econômico dos brasileiros. De autoria do deputado federal Danilo Forte (PSDB-CE), o Projeto de Lei Complementar 18/2022 pretende transformar o setor de combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo como essenciais para a sociedade. Com isso, a tributação do imposto estadual estaria limitada a um teto de 17% – a proposta foi aprovada pela Câmara dos Deputados e está em tramitação no Senado federal. A Jovem Pan procurou especialistas para saber se a medida, de fato, terá o efeito prometido de diminuir os preços e aumentar o poder de compra da população.

Serviços essenciais

A principal alteração nas leis vigentes seria a de não mais considerar os setores de combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo como supérfluos. Na visão de Igor Lucena, economista e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Lisboa, o entendimento é coerente, já que o mundo contemporâneo exige que o cidadão utilize de maneira constante os setores de comunicação, transporte coletivo, energia elétrica e combustíveis e são, sim, indispensáveis. “Ele é cobrado de maneira inconstitucional, porque esses bens são essenciais e os Estados não o julgam como tal. Quando você coloca o imposto de ICMS de quase 30%, em alguns Estados são 29%, sobre telecomunicação, quem é que hoje trabalha sem telecomunicação? Do motorista de Uber ao maior banco do país, hoje, todos precisam de internet”, disse à reportagem. Lucena também questiona o momento arrecadatório de alguns Estados, que bateram recorde após a alta nos preços dos combustíveis. “Vimos, recentemente, o Ceará, que é um Estado pobre, dizendo que tinha 11 bilhões de reais no caixa, a maior arrecadação de ICMS da sua historia com os combustíveis. Quando a economia começa a ser paralisada e a inflação passa a corroer a renda disponível das pessoas, o Estado não pode abrir mão disso na sua maior arrecadação? É um contrassenso”, afirma.

Possíveis impactos

Na última quinta-feira, 9, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que aposta que haverá uma diminuição nos preços dos combustíveis se o projeto, em tramitação no Senado, for aprovado, embora sua última medida não tenha surtido efeito. Isso porque um decreto presidencial editado no dia 1º de março, junto a uma medida provisória, reduziram a zero as alíquotas federais do óleo diesel e do gás de cozinha (GLP). A ação do mandatário não teve o resultado esperado e a diminuição no preço dos itens, para o consumidor, não foi amplamente sentida. “Há três meses, eu zerei o imposto federal do diesel; não baixou na ponta da linha. Mas, agora, a gente vai fazer baixar. Vai dar certo dessa vez”, afirmou o chefe do Executivo aos seus apoiadores.

Para o assessor de investimentos e sócio da Ethimos, Kenio Fonseca, porém, é preciso cuidado ao afirmar que a proposta será bem sucedida. “Estabelecer um teto do ICMS sobre combustíveis não garante que o preço da gasolina vai cair proporcionalmente nas bombas dos postos, porque esse alívio tributário pode ser embolsado por empresas que atuam no setor”, alertou. O especialista ressaltou que, na área dos combustíveis, novas pressões externas podem influenciar negativamente na cotação do petróleo – o que causaria um aumento nos preços ao consumidor. No caso da energia elétrica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirmou, em nota enviada à Jovem Pan, que a estimativa do órgão e de que a eventual aprovação e sanção do PLP do ICMS irá gerar uma redução média de 12% na conta de luz, a depender da legislação de alguns Estados.

Contraponto dos governadores

Argumento muito utilizado por governadores é de que uma eventual diminuição do ICMS produzirá um impacto direto em setores prioritários para a população, como o acesso à educação, saúde ou segurança. Após reunião entre senadores e chefes do Executivo estadual, governadores criticaram a proposta. Um deles foi Rui Costa (PT), que comanda o Estado da Bahia. O petista afirmou que a proposta “não trará benefícios aos cidadãos”, relembrando que o Fórum dos Governadores congelou o ICMS que incide sobre gasolina, etanol e gás de cozinha (GLP). “O ICMS sobre o óleo diesel está congelado desde novembro do ano passado, quando o combustível estava custando R$ 4,90, e hoje já está R$ 7. Essa diferença foi para o bolso de quem?”, questionou. O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), seguiu linha semelhante e disse temer por uma crise fiscal, já que existem obras e serviços já contratados que estão em andamento. “Precisamos de medidas estruturantes pra conter a inflação, e não de medidas de oportunidade que soam como música mas não produzem resultados. Ninguém garante que a redução do ICMS vai reduzir o preço na bomba”, argumentou.

O economista Igor Lucena contraria a argumentação de Costa e Mendes e afirma que, para haver um equilíbrio fiscal com a redução da arrecadação no ICMS, é necessário “cortar gastos desnecessários ou ineficientes”. “Tudo que for supérfluo ou ineficiente para não afetar os gastos do Estados”, resume. Outro argumento rebatido pelo especialista é o de que a medida não garante uma diminuição para o consumidor, já que o ICMS “tem um efeito em cadeia”. “No caso dos combustíveis, da refinaria para a distribuidora, da distribuidora para os postos de combustível e dos postos para o consumidor. O peso dele é altíssimo, ele pode chegar a 40% do preço do produto final na sua composição. A redução da alíquota reduz o preço ou evita que suba proporcionalmente a eventuais escaladas no preço do petróleo. Se tivermos uma diminuição de R$ 0,50 com um aumento da gasolina de R$ 0,20, na prática, teremos uma diminuição de R$ 0,30 centavos. Se houver sucessivos novos aumentos, a retirada do ICMS vai impedir que ele aumente na mesma proporção ou até mesmo impedir o aumento. O resultado será sempre mais dinheiro na mão do consumidor. Ou porque o valor caiu ou porque subiu menos. Se eu ganho cinco reais, consumo os cinco, sendo três em impostos, isso significa que a minha renda disponível é de cinco restantes. Agora, se eu zero o ICMS e, ao invés de consumir cinco reais de um produto, eu consumo a mesma quantidade gastando quatro reais, a minha renda disponível subiu para R$ 6. [Minha renda] Ficou maior”, explicou.


Noticias do mundo

Voltar

InícioInício

Divulga news Copyright © 2024
Criado por:  Nandosp