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Segunda, 21 de Outubro de 2024
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PF abre investigação para apurar crimes contra indígenas Yanomami durante crise humanitária no território

MPF diz que situação dos yanomami foi causada por omissão do Estado

Após pedido do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, a Polícia Federal instaurou nesta quarta-feira, 25, inquérito para apurar os responsáveis pela crise humanitária na terra indígena Yanomami. Serão investigados crimes de genocídio, omissão de socorro, crimes ambientais e peculato. A investigação tramitará em Roraima, sob sigilo. A determinação de Dino veio após o Ministério da Saúde declarar emergência em saúde pública no território ao detectar e resgatar pessoas que estavam vivendo em casos severos de desnutrição e malária. Em ofício encaminhado ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Augusto Passos Rodrigues, o ministro ressalta o histórico de negligência com a comunidade indígena, cita os direitos fundamentais e fala da responsabilidade do governo para proteger os povos e garantir sua integridade. “O Estado deve zelar para que sejam colocados à disposição dos povos indígenas serviços de saúde adequados”, inicia o documento.

Flávio Dino citou informações recebidas pelo Executivo de que 570 crianças yanomamis menores de cinco anos morreram por falta de assistência médica nos últimos quatro anos (consideradas “mortes evitáveis”) e também menciona os 21 ofícios enviados ao governo anterior com pedidos. “Mortes por desnutrição ou por doenças tratáveis, pouco ou nenhum acesso aos serviços de saúde, medidas insuficientes para a proteção dos Yanomami, além do desvio na compra de medicamentos e de vacinas destinadas à proteção desse povo contra a Covid-19, conduzem a um cenário de possível desmonte intencional contra os indígenas Yanomami ou genocídio“, cita o titular do Ministério da Justiça. Em outro trecho, Dino afirma que os reiterados pedidos de ajuda ignorados frisam a possível intenção de “causar lesão grave à integridade ou mesmo provocar a extinção do referido grupo originário”.

Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) afirmaram na segunda-feira, 23, que a situação de saúde dos indígenas yanomami foi causada pela omissão do Estado brasileiro na proteção das terras indígenas. A conclusão está em uma nota pública divulgada pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF, que fez um relato histórico do trabalho realizado na Terra Indígena Yanomami, localizada em Roraima. De acordo com a nota, apesar dos esforços feitos pelo órgão, as providências tomadas pelo governo foram limitadas. “No entendimento do Ministério Público Federal, a grave situação de saúde e segurança alimentar sofrida pelo povo yanomami, entre outros, resulta da omissão do Estado brasileiro em assegurar a proteção de suas terras. Com efeito, nos últimos anos verificou-se o crescimento alarmante do número de garimpeiros dentro da Terra Indígena Yanomami, estimado em mais de 20 mil pela Hutukara Associação Yanomami”, declarou o órgão. A nota cita ainda deficiência na oferta de serviços de saúde, falta de distribuição de remédios e a presença de garimpeiros na região como fatores que contribuíram para a situação.

Deputados do PT na Câmara protocolaram uma representação criminal no MPF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a senadora e ex-ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos), por suspeita de crime de genocídio contra os povos Yanomami em Roraima. De acordo com a representação dos parlamentares, houve ação ou omissão dolosa do ex-presidente e outros integrantes do governo que “contribuiu de maneira decisiva para a contaminação dos rios por mercúrio” com impactos diretos na alimentação e condições de saúde dos indígenas que “sobrevivem nas áreas onde não deveria haver garimpos, legais ou ilegais”. Damares rebateu críticas à atuação do governo federal em uma série de postagens na sua rede social. Ela disse que seu ministério entregou o Plano Nacional de Enfrentamento a Violência Contra Crianças, inclusive “reconhecendo a desnutrição como uma das mais terríveis violências contra elas, propondo ações”. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro chamou a acusação de “farsa da esquerda”. “De 2019 a novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de atenção básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS”, declarou.

*Com informações de Estadão Conteúdo


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