Kamala Harris tomou posse como vice-presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 20, tornando-se a primeira mulher negra a assumir o segundo cargo mais importante do país. Antes dela, todos os 48 vice-presidentes norte-americanos eram homens brancos, marcando assim a administração da Casa Branca mais diversa que os Estados Unidos já viram. A substituta de Mike Pence, que assumirá também a função de presidente do Senado, fez o seu juramento mediada pela hispânia Sonia Sotomayor. “Juro solenemente que apoiarei e defenderei a Constituição dos Estados Unidos contra todos os inimigos, estrangeiros e domésticos; que manterei verdadeira fé e lealdade à mesma”, prometeu Kamala.
A cerimônia transmitida ao vivo teve início com discursos de grandes autoridades do governo, uma oração feita pelo padre jesuíta Leo O’Donovan e a interpretação do hino nacional pela cantora Lady Gaga. Apesar do ex-vice presidente Mike Pence ter participado da cerimônia, o presidente Donald Trump e a primeira-dama Melania Trump não compareceram à posse, quebrando uma tradição secular. No entanto, os ex-presidentes e as ex-primeiras-damas Barack e Michelle Obama, George e Laura Bush e Bill e Hillary Clinton prestigiaram a posse de Harris. O evento, que teve a segurança redobrada devido à invasão do Capitólio no dia 6, também não contou com a presença do público por causa da pandemia do novo coronavírus. Em seu lugar, foram posicionadas 200 mil bandeiras dos 50 estados do país ao longo do Passeio Nacional.
Filha de imigrantes da Jamaica e da Índia, Kamala Harris nasceu na Califórnia, se formou em direito e realizou muitos feitos inéditos. Ela foi a primeira mulher e a primeira pessoa afro-americana a ocupar o cargo de promotora de São Francisco, em 2003 e, depois, de procuradora-geral da Califórnia, em 2010. Nessa época, ela deu início a um programa que visa reduzir a reincidência em crimes através da educação e da reinserção no mercado de trabalho. Além disso, criou uma organização que investiga crimes cometidos contra crianças e adolescentes da comunidade LGBTQIA+. Seis anos depois, ela foi a primeira mulher com descendência asiática e a segunda mulher negra a fazer parte do Senado dos Estados Unidos.
Enquanto ocupava o cargo, Harris criticou fortemente as pautas do presidente Donald Trump, em especial suas políticas de migração e sua tentativa de acabar com o programa Obama Care, que expandiu o acesso à saúde no país. Em 2019, ela chegou a tentar ser a candidata à presidência do Partido Democrata. Na ocasião, ela inclusive criticou o seu atual parceiro Joe Biden que, em 1970, se opôs a dar um fim à segregação racial no transporte escolar. Suas principais pautas eram a prevenção da violência contra as armas de fogo, o combate ao aquecimento global, o aumento do salário mínimo e a expansão de um sistema de saúde universal. Harris acabou desistindo da empreitada em dezembro de 2019, mas já tinha chamado atenção suficiente para que Biden a convidasse para ser sua vice, mesmo tendo sido atacado por ela no passado.