Joe Biden tomou posse como presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 20, após uma transição de poder conturbada por acusações de fraude eleitoral. Aos 78 anos de idade, ele se tornou o chefe de governo mais idoso da história do país durante uma cerimônia sem público devido à pandemia do novo coronavírus e com segurança redobrada devido à recente invasão ao Capitólio. O ex-presidente Donald Trump e a ex-primeira-dama Melania Trump não compareceram ao evento, mas foram substituídos simbolicamente por Barack e Michelle Obama, George e Laura Bush e Bill e Hillary Clinton, além do ex-vice-presidente Mike Pence.
O evento teve início com discursos de autoridades do governo, uma oração feita pelo padre jesuíta Leo O’Donovan, amigo da família Biden, e pela interpretação do hino nacional pela cantora Lady Gaga, amiga pessoal do presidente. Na sequência, a vice-presidente Kamala Harris assumiu o seu cargo e a cantora Jennifer Lopez interpretou a canção “This Land is Your Land”. O católico Joe Biden fez então o seu juramento com as mãos pousadas sobre uma Bíblia que pertence à sua família há anos. “Eu, Joseph Robinette Biden juro solenemente que vou desempenhar com fidelidade o cargo de presidente dos Estados Unidos. Farei tudo que estiver ao meu alcance para preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos com a Graça de Deus”, prometeu.
Depois, Joe Biden fez o seu primeiro discurso como presidente dos Estados Unidos. As falas foram bastante voltadas para o desejo de um país mais unido para combater a Covid-19 e superar a invasão ao Capitólio, que representou a forte divisão política na nação e uma ameaça à democracia. Ele também enumerou como desafios do país atualmente o extremismo político, a supremacia branca e o terrorismo doméstico. “Não haverá progresso sem união”, afirmou. A cerimônia foi encerrada pela interpretação do cantor Garth Brooks da canção “Amazing Grace”, pela leitura de um poema escrito pela ativista de 22 anos Amanda Gorman e por uma benção final do reverendo Beamen.
Com vasta experiência política, o democrata é formado em história, ciência política e direito. Ele foi vice-presidente de Barack Obama entre 2009 e 2017 e, antes disso, exerceu seis mandatos consecutivos como senador do estado de Delaware, onde viveu quase toda a sua vida. Esses anos foram antecedidos por uma tragédia pessoal: algumas semanas após a eleição para o Senado, sua esposa Neilia e sua filha de um ano de idade Naomi foram mortas em um acidente de carro. Apesar de ter considerado renunciar ao cargo para cuidar dos outros dois filhos, Beau e Hunter, Biden acabou se tornando o sexto senador mais jovem do país.
Ele se casou novamente três anos depois, com a atual esposa Jill Biden. O seu desejo de se tornar presidente dos Estados Unidos é antigo. Biden concorreu à nomeação da sua chapa para as eleições presidenciais em 1988 e 2008, sem sucesso. Em 2016, ele desistiu da candidatura após a recente morte do seu filho Beau, aos 46 anos devido a um câncer no cérebro. Agora, ele chega ao cargo mais alto do país sendo considerado um democrata moderado, que acredita no valor do bipartidarismo e deve abrir diálogo com os republicanos, além de dar continuidade ao trabalho que foi feito durante o governo Obama.
As propostas de Joe Biden na área da saúde são os exemplos mais claros de sua intenção em dar continuidade ao trabalho que foi feito durante o governo de Barack Obama. Além do combate à Covid-19, uma das prioridades do democrata é fazer com que o Obamacare alcance uma parcela ainda maior da população norte-americana. Para aplacar os efeitos econômicos da pandemia, Biden já anunciou o desejo de abrir escolas e empresas com segurança e de liberar um pacote de US$ 1,9 trilhão. Além disso, ele apoia o aumento do salário mínimo em nível federal para US$ 15 a hora.
Na política externa, a expectativa é que Biden retome a postura multilateralista dos Estados Unidos. O democrata já anunciou que nos próximos dias o país retornará à Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao Acordo de Paris, o que remete à sua grande defesa das causas ambientais. Durante sua campanha eleitoral, o democrata chamou atenção do Brasil pelas falas condenando as queimadas na Amazônia e levantando a possibilidade de intervenção no assunto.
O mais novo presidente dos Estados Unidos também considerou urgente tomar atitudes em relação à questão migratória. Ele acabará com veto migratório aplicado por Trump a cidadãos da Venezuela, da Coreia do Norte e outros 11 países com populações muçulmanas significativas: Eritreia, Irã, Quirguistão, Líbia, Mianmar, Nigéria, Somália, Sudão, Síria, Tanzânia e Iêmen. Além disso, a expectativa é que ele assine decretos que visam reunir as famílias de imigrantes que foram separadas na fronteira.