O anúncio do governo de crédito para o setor automotivo deve trazer impactos positivos também para o segmento de usados e seminovos. Presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Enilson Sales avalia que o preços dos veículos seminovos devem ter uma queda de preço temporária, proporcional ao do automóvel novo. Contudo, ele afirma que o efeito será passageiro e que a medida anunciada não deve ter impactos duradouros para o setor. “O primeiro anúncio foi o da volta do carro popular, o que gerou muita expectativa no mercado e foi aplaudido por todos. Mas quando os detalhamentos da medida foram divulgados, percebermos que não se tratava mais de carros populares. O governo deu encontro enfoque, que não vai fazer com que a indústria reaqueça”, afirma.
Ele acredita que o impacto valerá por entre 15 e 60 dias, tempo em que os créditos ficarão disponíveis antes de esgotarem. “Durante o tempo que a medida vigorar, o seminovo vai ter uma queda de preço temporário proporcional ao desconto do novo, que não deve chegar ao teto percentual para não estourar o limite de R$ 8 mil. nos primeiros 15 dias, as concessionários farão ações de marketing anunciando o carro popular. Depois, os preços voltam a subir. A medida é mais propaganda do que algo que efetivamente vai transformar o mercado”, avalia. Mesmo tendo efeito temporário, a iniciativa pode ter um impacto significativo nos preços, de acordo com Leonardo Felix, superintendente de Conteúdo da Mobiauto. “Apesar de a medida do governo ter período curto, a decisão vai impactar o mercado de usados sim. Aliás, já impactou. De acordo com o depto de Dados e Estatísticas da Mobiauto, os carros seminovos com motores 1.0 recuaram 5,13% na primeira semana de junho ante o mesmo período de maio. Com a oficialização dos novos preços dos modelos zero km, que têm ocorrido nesta semana, as cotações dos seminovos devem baixar ainda mais”, explica.
O governo anunciou R$ 1,5 bilhão em crédito para reduzir os valores dos veículos, sendo R$ 500 milhões para carros populares, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para vans e ônibus. O desconto mínimo para veículos até R$ 120 mil será de 1,6% e o máximo será de 11,6%. Na prática, a redução deve ficar entre R$ 2 mil e R$ 8 mil. O menor crédito para caminhão ou ônibus será R$ 33,6 mil e o máximo será de R$ 99,4 mil.