Após audiência de custódia, a desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita decidiu nesta terça-feira, 22, que o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), deve continuar preso preventivamente, assim como O empresário Rafael Alves, o delegado Fernando Moraes, e o ex-tesoureiro Mauro Macedo, que também foram detidos por envolvimento no caso. Na noite de hoje, Crivella chegou em Benfica, porta de entrada do sistema penitenciário do Rio, e depois a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) decidirá para qual unidade ele e os demais presos serão levados, considerando quem tem nível superior – o prefeito é engenheiro. A investigação aponta que o grupo aliciava empresários para participar do esquema de corrupção voltados para arrecadação de vantagens indevidas mediante promessas de contrapartida feitas pelo prefeito. De acordo com o MP, o esquema arrecadou cerca de R$ 50 milhões em propina. A ação desta terça é um desdobramento da operação Hades. Além das prisões, foram emitidos mandados de busca e apreensão e uma determinação judicial de sequestro de bens e valores. No total, 26 pessoas foram denunciadas. Para o Ministério Público, o prefeito Marcelo Crivella era o chefe da organização criminosa.
A audiência não teve a participação de público por causa da pandemia de Covid-19. Puderam participar apenas os advogados dos envolvidos na audiência, que começou por volta das 16h. A mesma desembargadora, Rosa Helena Guita, determinou, mais cedo, o afastamento de Crivella de todas as suas funções públicas. “[…] mesmo no cárcere, poderá o Sr. Prefeito continuar despachando e liberando os últimos pagamentos ilícitos aos seus comparsas, terminando, por assim dizer, de limpar os cofres públicos. Observe-se que todos os crimes a ele imputados na presente ação penal foram cometidos no exercício do cargo para o qual foi democraticamente eleito, no mais absoluto desvio de finalidade”, escreveu no despacho. O presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felippe (DEM) irá assumir o comando do Rio de Janeiro pelos próximos nove dias, até a posse do prefeito eleito Eduardo Paes (DEM) em 1º de janeiro. O vice de Crivella, Fernando Mac Dowell (PL), morreu em maio de 2018 devido complicações após sofrer um infarto.
Segundo fonte da Jovem Pan, Crivella afirmou que quer justiça e que sua prisão é uma grande injustiça. Ele declarou também que, ao longo de seu mandato, foi o governante que mais combateu desvios e irregularidades na esfera municipal. A ação conjunta é um desdobramento Operação Hades, que investiga um suposto ‘QG da Propina’ na prefeitura da capital fluminense. Na época, agentes da Polícia e do Ministério Público estiveram na casa de Crivella cumprindo mandados de busca e apreensão. Segundo investigações, que tiveram como origem a delação do doleiro Sérgio Mizrahy, preso pela Lava Jato na operação Câmbio, Desligo, havia um esquema de propina na esfera municipal, o que originou a expressão “QG da propina”. A suspeita é que contratos fechados pela Prefeitura do Rio de Janeiro com prestadores de serviço continham uma espécie de “pedágio”, taxa de propina revertida para a esfera municipal e utilizada para bancar financiamento de campanha e pessoas físicas. Segundo a investigação, o núcleo do esquema seria a Riotur, empresa de turismo do Rio de Janeiro.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu na tarde desta terça-feira, 22, dois pedidos de habeas corpus em favor do prefeito do Rio. Segundo o STJ, um dos pedidos foi protocolado pela equipe de defesa do político que é formada pelos advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e Alberto Sampaio Júnior, da ‘Figueiredo e Velloso Advogados Associados’. A outra representação parte do advogado Paulo Roberto Cavalcante de Sá, de Pernambuco. Em contato com a Jovem Pan, o STJ disse não saber se Paulo faz parte da equipe de advogados de Crivella, já que qualquer pessoa pode entrar com um pedido de habeas corpus. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do prefeito.