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Sabádo, 19 de Outubro de 2024
Ola Mundo!


Caminhos para refazer um coração partido

Dá para acreditar no amor, apesar das dores passadas Dá para acreditar no amor, apesar das dores passadas Imagem: Julia Manga | Shutterstock

Eu não acreditava mais nessa história de amor. A vida, de todo dia, faz isso com a gente. Colecionamos histórias tristes feito álbum de figurinha que nunca se completa. Frustração. Uma hora é uma traição, outra é o cara que parecia apaixonado e começa a te ignorar. Inícios e rompimentos. E, quando uma relação termina, tanta coisa acaba com ela… Acho que a principal delas é a esperança. Aquela de ter com quem compartilhar tempo de vida, prazer, carinho, dificuldades, ideias, sonhos.

O parágrafo que você acaba de ler faz parte de um texto que publiquei no Instagram. Tenho uma conta profissional, na qual prefiro colocar assuntos relacionados àquilo que faço. Mas, às vezes, uso como um espaço de desabafo, como um longo respiro no meio de uma tarde caótica.

Passei por três casamentos. Do terceiro, tenho dois filhos. E quando acabou, há três anos, me percebi em um lugar muito fundo. Em mim. Foi difícil voltar a me abrir para uma nova experiência. A gente se cansa de colecionar cicatrizes. Mas a terapeuta me convenceu. Topei. Há pouco mais de um ano e meio, tenho vivido um amor. Maduro. Em um dia de saudades dele, entre muito trabalho e preocupações, escrevi o tal texto. Faço isso para encontrar outras vozes. E foi isso o que aconteceu.

Recebi diversas mensagens de mulheres que, como eu, também carregam feridas de amores desfeitos. Uma delas dizia assim: “ler seus textos traz a esperança de amar novamente, mesmo em um mundo de relações tão fluidas, mesmo percebendo nos aplicativos de relacionamento um território árido”. Ao ler isso, pensei: qual o caminho para refazer um coração partido?

Aplicativos de relacionamento

Em uma cena da série Casamento à Moda Judaica, disponível na Netflix, a israelense Cindy resume bem o que acontece em um aplicativo de relacionamento: “Os aplicativos fazem parecer que você tem um catálogo de homens muito atraentes, mas digamos que dê um match em 100 caras… apenas 50 vão responder ou estarão disponíveis. Desses, uns 30 vão falar com você. Dos 30, apenas 15 vão continuar conversando. Dos 15, só dez irão te ligar para marcar um encontro. Dos dez, cinco vão mesmo sair com você. E, dos cinco, apenas dois vão ser o que você está procurando. No final, esses dois chegam a zero. É isso o que acontece”.

Fiquei rindo ao perceber o relatório matemático compilado por ela. A série, para quem se interessou, mostra a história de diferentes homens e mulheres que recorrem a uma casamenteira para achar um par.

Realidade dos encontros

Encontrar alguém nos aplicativos pode parecer às vezes cruel, às vezes divertido. Tudo depende do que se espera. Como Cindy mostra pelo seu cálculo informal, dá trabalho e é exaustivo. A verdade é que, na vida real, fora do ambiente digital, as coisas também são duras. Só que nos esquecemos disso.

Quantas saídas, conversas, são necessárias para termos um encontro? Nunca contei, mas também são muitas. Apostaria, inclusive, que a probabilidade de uma saída é menor no ambiente real do que no digital.

As pesquisadoras Geovana Veloso e Manuela Rocha, ambas do departamento de Empreendedorismo e Gestão da Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolveram um estudo, em 2021, sobre o padrão de comportamento nos aplicativos de relacionamento. Chegaram a resultados que me surpreenderam: 38,30% do total de pessoas estudadas iniciou um relacionamento amoroso com alguém que conheceram no aplicativo, apesar de 83,3% afirmarem que estão ali apenas por encontros casuais.

Relacionamentos profundos

Geovana e Manuela também acharam os dados curiosos e escreveram: “é perceptível que, mesmo não estando na busca de formar um par amoroso, os usuários acabam se relacionando de maneira profunda, por se sentirem confortáveis com outros usuários dos aplicativos a ponto de iniciarem uma relação duradoura”.

A conclusão do estudo: “percebemos que, mesmo sendo uma nova ferramenta, desenvolvida após a revolução tecnológica, os fenômenos que representam os propósitos, comportamentos e reflexões dessas pessoas assemelham-se a práticas primitivas, que se baseiam em trocas interpessoais, busca por novas experimentações e fazer parte de um coletivo”.

A saber, encontrei Marcos, meu namorado, em um aplicativo de relacionamento. E sei de outras pessoas com as quais aconteceu o mesmo. Então pode dar certo? Pode. Mas depende de algumas questões, que vão muito além da tecnologia.


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