Nas redes sociais, vejo críticas duras ao desempenho dos senadores de oposição na sabatina de Cristiano Zanin na CCJ do Senado. Esperavam, certamente, uma sessão nervosa, com perguntas picantes e respostas constrangedoras, mas se depararam com questionamentos previsíveis, em tom moderado e até elogios. “Temperatura mediana”, disse Renan Calheiros ao deixar a sessão, que corria sem percalços até o final da tarde. Ninguém confrontou o futuro ministro sobre os processos trabalhistas movidos por ex-babás ou a denúncia do MPF de que teria integrado suposto esquema que desviou R$ 151 milhões dos cofres do Sistema S — seria uma oportunidade para o próprio Zanin esclarecer tais episódios.
As principais provocações — republicanas — partiram do senador Eduardo Girão, que o questionou sobre eventual impedimento em causas relacionadas à JBS, grupo que passou a ser defendido pelo escritório que Zanin abriu com a esposa, Valeska Martins. Sergio Moro também perguntou sobre uso de provas ilícitas para formar acusação, sem, contudo, mencionar a Vaza Jato e as acusações do doleiro Tacla Duran. O ex-juiz acabou virando meme ao questionar o advogado se teria sido padrinho do casamento de Lula, conforme informações “da internet”. Flávio Bolsonaro usou a sessão para falar do julgamento do pai amanhã no TSE; Magno Malta, Jorge Seif, Carlos Portilho e Damares Alves se mostraram resistentes a Zanin, mas amenizaram bastante o tom costumeiro.
Uma decepção para quem acha que a política deve ser exercida com o fígado, na base da lacração e da ofensa. Um respiro para quem defende a consolidação de uma oposição democrática, que ainda engatinha. Resta perder o medo de exercer o mandato em toda sua prerrogativa, com a responsabilidade que a República exige.