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Terça, 22 de Outubro de 2024
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Nota de repúdio às notas de repúdio

Inúmeras notas de repúdio denunciam atos que todos os brasileiros já repudiam, demonstrando total desconexão

Leandro Narloch, na qualidade de jornalista e comentarista político, profissão que exige acompanhamento do cansativo noticiário nacional, vem a público REPUDIAR um problema cada vez mais grave em nosso país: o excesso de NOTAS DE REPÚDIO. Com velocidade alarmante vem crescendo o número de associações profissionais que diuturnamente, sem ninguém pedir, sem ninguém perguntar, emitem notas de repúdio sobre os assuntos mais diversos da política nacional. Guarnecido por Legislação Federal, e através da sua Diretoria de Decisões Individuais, o autor gostaria de expressar ainda sua solidariedade aos milhares de colegas de redações que todas as semanas são obrigados a repetir a mesma notícia sobre notas de repúdio que, em geral, possuem utilidade e relevância bastante questionáveis. Observe-se detalhadamente que notas de repúdio são mal escritas em frequência definitivamente alta, geralmente com excessos de advérbios de modo, lugares-comuns e verbos no imperativo. Ressalte-se ainda, por meio desta, o vocabulário deveras pretensioso – um “modus operandi” típico de cidadãos que tentam parecer mais importantes do que realmente são. Nada justifica tais ataques ao bom Português.

O autor manifesta indignação especial com a Ordem dos Advogados do Brasil, instituição cuja anualidade beira os R$ 1000 (mil reais). A impressão que se tem é que toda essa quantia não tem outra função além de financiar notas de repúdio que serão devidamente esquecidas na semana subsequente. Data venia, seria indubitavelmente menos custoso recorrer a um programa computadorizado que escrevesse notas de repúdio de forma automática, de forma que a OAB perderia completamente sua necessidade. Outrossim, é importante destacar o fato de que inúmeras notas de repúdio denunciam atos que todos os brasileiros já repudiam, demonstrando total desconexão. No último 7 de dezembro, por exemplo, a Federação Brasileira de Psicanálise emitiu a “Nota de Repúdio contra o Assassinato de Crianças”, afirmando essencialmente que não se deve matar crianças.

Tal atitude nos faz imaginar um assassino que, prestes a matar um garoto indefeso, muda de ideia por influência da nota dessa Federação. Visto que a possibilidade desse acontecimento não é exatamente alta, conclui-se que boa parte das notas de repúdio não servem para nada e são simples sinalizações de virtude. Por fim, espera-se que, nas esferas administrativas competentes, a postura seja devidamente repensada, para que o problema da infestação de notas de repúdio seja controlado o mais rápido possível. E que seus responsáveis sejam exemplarmente punidos.

São Paulo, 22 de dezembro de 2020.

 


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